OPINIÃO ODARA: E se Rui Costa autorizasse o uso da “força máxima” para acabar com o extermínio da juventude negra na Bahia?

Redação Odara

Durante o último final de semana, três policiais militares foram mortos em Salvador (BA). A primeira morte, do soldado Alexandre Menezes, aconteceu no final da noite de sábado (7) no bairro de Águas Claras. Já Vitor Vieira Ferreira Cruz e Shanderson Lopes Ferreira, foram atingidos por disparos de arma de fogo, no bairro da Fazenda Grande I, enquanto voltavam do enterro de Alexandre, na noite do último domingo (8), segundo informações da Polícia Militar.

Em coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira (9), o governador do estado da Bahia, Rui Costa (PT), declarou: “Toda operação já acontecendo desde ontem (8). Estamos com policiamento na área. Toda a determinação já foi dada para uso de todos recursos militares especializados. Eu ressalto aqui a mensagem para nossa Polícia Militar: precisamos e vamos agir com força, mas profissionalismo para que os responsáveis por isso sejam capturados”.

Em suas redes sociais, o governador reforçou a mensagem do uso de força máxima pela segurança pública e prestou solidariedade às famílias dos três policiais. Também na última segunda-feira, Rui Costa participou de uma cerimônia de formatura de novos soldados da PM, onde anunciou a autorização para a compra de mil novos fuzis para a corporação.

A movimentação e resposta rápida do governador às mortes dos policiais, infelizmente não são um padrão de comportamento quando se trata de violências e assassinatos praticados pelo Estado contra a população negra da Bahia. Nesses casos, o governador opta pelo silêncio absoluto ou por dizer coisas como “artilheiro em frente a um gol” para se referir aos policiais militares que cometeram uma chacina que deixou 12 mortos no bairro do Cabula, em 2015.

O que Rui Costa tem feito para lidar com a violência e letalidade policial no estado? Quais atitudes foram tomadas diante dos vergonhosos 1.137 assassinatos de homens negros cometidos pela PM, somente em 2020, na Bahia? O que Rui Costa tem a dizer às famílias dos três jovens assassinados pela polícia na comunidade da Gamboa de Baixo, em março deste ano? Se o Estado se omite e estimula a violência contra os nossos, a quem podemos recorrer?

Diante do uso da “força máxima” de segurança autorizada por Rui Costa, tememos pela juventude negra, que normalmente já são os corpos alvos das forças militares e que, em situações como esta, ficam ainda mais vulneráveis pelo revide resultante dessa guerra covarde motivada pelo racismo.

Não é sobre dizer que as vidas de policiais valem menos ou nada do tipo. É justamente o contrário. É reafirmar que as vidas dos nossos importam e que as mortes da nossa juventude também  merecem comoção, luto e justiça.

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