Turma presencial do Ayomide Odara visita o Ilê Axé Oyá Tolá, na comunidade de Passagem dos Teixeiras, em Candeias (BA)

As meninas participaram de uma roda de conversa com a Yalorixá da Casa, Raidalva da Silva, e conheceram diversos espaços dentro do Terreiro

Redação Odara

A turma presencial do Ayomide Odara participou de uma atividade diferente no último sábado (03). As meninas visitaram o Ilê Axé Oya Tolá, na comunidade de Passagem dos Teixeiras, em Candeias (BA), onde foram recebidas pela Yalorixá da casa, Raidalva da Silva.

Assim que chegaram à Casa de Axé, as meninas foram acolhidas com um café da manhã, seguido por uma roda de conversa. Para iniciar a roda, Érika Francisca, coordenadora do Projeto Ayomide Odara, nascida e criada em Passagem dos Teixeiras e filha de santo do Oya Tola, contou um pouco sobre a história da comunidade e falou da importância das Ayos estarem ali, conhecendo a comunidade religiosa.

“Esse é um momento de troca intergeracional. Precisamos sempre contar a nossa história, porque ela só será legitimada a partir do momento que nós mesmas assumirmos a narrativa e contarmos várias vezes”, explicou Érika.

Mãe Raidalva contou sobre a sua infância e iniciação no candomblé, falou de valores como respeito e obediência e definiu o candomblé como um espaço de acolhimento, mas também de educação:

“A minha religião me educou. Quando eu falo da importância de letrar vocês, estou falando sobre vocês aprenderem a se defender, a usarem as suas vozes contra qualquer tipo de desrespeito”, explicou às meninas, que ouviram atentas.

A Yalorixá contou ainda que precisou ser alfabetizada de maneira informal, por conta do racismo religioso que sofria na escola, mas que ainda assim, nunca pensou em desistir do candomblé. Durante a conversa, as Ayomides tiveram a oportunidade de tirar as suas dúvidas sobre o candomblé e também compartilhar suas experiências com a religião.

“A fala da Yalorixá me tocou muito quando ela falou sobre as dificuldades enfrentadas na época dela. Me dói muito saber que ainda hoje vivenciamos esse racismo religioso”, disse Maria Eduarda Bittencourt, 17 anos, integrante do Ayomide Odara.

Jaidelita Batista do Nascimento, Iyakekere do Oyá Tolá conhecida como Tia Criola, falou sobre o trabalho que desenvolveu no projeto Câmara Mirim, com crianças da cidade de Mata de São João (BA).  Ela comentou que a experiência com o projeto ajudou a melhorar o desempenho escolar de muitas das crianças, que eram eleitas para desempenhar a função de Vereadores Mirins na época.

“Eles reivindicavam melhorias para o colégio e para a comunidade. Muitos desenvolveram as habilidades de redação através do projeto, porque precisavam elaborar documentos escritos para encaminhar à prefeitura”, contou.

Naiara Leite, coordenadora executiva do Odara – Instituto da Mulher Negra, acompanhava a visita das Ayomides e falou às meninas sobre a importância delas estarem no Terreiro e de compreenderem que aquele é também um espaço de formação política:

“É a partir desses espaços e dessas trocas que vocês precisam se fortalecer. Tudo que a gente tá fazendo aqui tem a ver com poder, com política e, principalmente, tem a ver com a gente acreditar que é possível construir caminhos de verdade, de respeito e de felicidade para nós, meninas e mulheres negras”, afirmou Naiara.

Após o almoço, as meninas foram conhecer os espaços do terreiro, guiadas por Laura Araújo de Araújo, 18 anos, filha de santo da casa, que também integra a equipe técnica do Projeto Ayomide Odara. 

“Hoje eu entendi ainda mais que preciso correr atrás dos meus direitos e procurar sempre adquirir mais conhecimentos. Gostei muito dessa experiência, aprendi várias coisas e estou amando conhecer o Oya Tolá”, afirmou, animada, Hanna Oliveira, 15 anos, integrante do Ayomide Odara.

Confira os registros da visita no Instagram @odarainstituto.

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